COMPLEXOS AGROINDUSTRIAIS, COOPERATIVAS E GESTÃO
Palavras-chave:
complexo agroindustrial, cadeia produtiva, cooperativa, atores sociais, articulação de interesseResumo
Discutem-se neste artigo as novas formas de articulação entre campo e cidade, estabelecidas com a consolidação dos complexos agroindustriais no Brasil, a partir do final da década de 1970. São destacados nessa discussão os seguintes tópicos: a) a crescente dependência que o setor agropecuário mantém como consumidor de bens e serviços produzidos no setor urbano; b) a transformação de parte substancial do produto agropecuário em matéria-prima para as agroindústrias; c) os traços oligopólicos e oligopsônicos que emergem nessas relações comerciais; d) a integração de capitais com a formação de grandes conglomerados: e) o processo de globalização. Dentro desse cenário, são identificados diferentes atores sociais e a capacidade que possuem para influenciar as decisões que se processam no interior dos complexos e nas relações que se estabelecem no âmbito do Estado, bem como a capacidade organizacional representada por ações coletivas, eficiência gerencial, profissionalização administrativa, “conhecimento sistêmico” e domínio tecnológico. A questão central deste estudo refere-se ao papel que as cooperativas agropecuárias e outras formas associativistas podem desempenhar como instrumento de negociação no interior e fora das cadeias produtivas, elevando o poder de negociação e o de reivindicação dos produtores. Para responder a esta questão, foram revisadas várias pesquisas conduzidas nas décadas de 1980 e 1990. Os estudos mais recentes detectam um esforço no sentido modernizar a gestão das cooperativas tornando-as mais competitivas, embora este esforço seja muitas vezes interrompido pelo processo sucessório de suas diretorias. Interferência de interesses políticos locais, identificada nos estudos conduzidos na década de 1980, foi também detectada nas pesquisas mais recentes e é considerada como um dos condicionantes do pouco dinamismo administrativo. As associações têm sido vistas como uma alternativa para os produtores familiares, no entanto, quando os negócios dessas associações crescem, surgem também os problemas gerenciais.