Memórias póstumas de uma categoria em transformação: a formalização do trabalho informal
Palavras-chave:
trabalho formal, trabalho informal, processos de informalização, crise do pode estatal, setor terciárioResumo
As sociedades que se estruturam tendo a venda e a compra do trabalho como dimensão central da vida social encontram-se em crise. O mercado de trabalho não é, nem pode ser, o único espaço de alocação do trabalho social sob pena de que a atividade produtora de valores de uso, reprodutora da identidade cultural e social, organizada segundo princípios outros que não os da valorização do capital, sucumba, implodindo a própria estrutura da sociedade. O crescimento do trabalho informal não é senão apenas um dos sinais mais explícitos do próprio funcionamento da atividade produtora de valor de troca quando submete e modela o trabalho antes formal agora sob uma nova forma. O trabalho informal, tornado visível por teorias que o identificavam como um conjunto de relações arcaicas ou produzidas por atores sociais irracionais, fadadas a desaparecer, é ele mesmo provocado e tornado modelo de referencia a toda a forma de trabalho. O trabalho formal perde espaço e centralidade diante das inúmeras reformas trabalhistas em todo o mundo, assumindo contornos informais mas que visam tornarem-se formais. Em suma, o trabalho formal é substituído pelo trabalho informal que é o resultado dos próprios agentes econômicos racionais que instauram estratégias de fuga do quadro regulatório estatal.